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michèle morgan |
O charme das ATRIZES FRANCESAS sempre seduziu público e crítica. Ninguém resiste aos seus encantos e beleza. Isso acontece desde os primórdios do cinema mudo, de Renée Adorée a, mais recentemente, Marion Cotillard. Muitas delas deixaram sua marca em Hollywood. Quase todas de passagem, fazendo um ou outro filme e voltando à França. Mas Adorée, Lili Damita, Claudette Colbert e Leslie Caron fincaram pé no cinema norte-americano. Entre tantas, selecionei dez, lembrando a temporada nos Estados Unidos.
ANNABELLA
(1907 - 1996)
Aos 20 anos participou da obra-prima “Napoleão / Napoleon” (1927), de Abel Gance. Estrela na França, mudou-se para Hollywood em 1937. Dois anos depois casou-se com o astro Tyrone Power. Os biógrafos dizem que era um casamento de fachada, disfarçando a verdadeira natureza sexual do casal. Filmou nos EUA, entre outros, a comédia “A Baronesa e o Mordomo / The Baroness and the Butler” (1938), com William Powell, e o épico “Suez / idem” (1938), ao lado de Tyrone e Loretta Young. Após o divórcio, em 1948, voltou à França, aposentando-se em 1954.
CAPUCINE
(1928 - 1990)
Modelo requisitada, sofisticada e lembrando Greta Garbo, estreou no cinema em “A Águia de Duas Cabeças / L’Aigle à Deux Têtes” (1948), de Jean Cocteau. Em 1960 protagonizou “Sonata de Amor / Song Without End”, ao lado de Dirk Bogarde. O sucesso chegou em 1963 com a comédia “A Pantera Cor-de-Rosa/The Pink Panther”, de Blake Edwards. Fez também uma angustiada prostituta em “Pelos Bairros do Vício / Walk on the Wild Side” (1962), amante da cafetina interpretada por Barbara Stanwyck. Suicidou-se pulando do 8º andar do edifício em que vivia, após uma crise depressiva.
CLAUDETTE COLBERT
(1903 - 1996)
Uma das mais famosas e bem pagas estrelas de Hollywood, ganhou o Oscar por seu carismático desempenho em “Aconteceu Naquela Noite / It Happened One Night” (1934), de Frank Capra. Nascida na França, mas criada em Nova Yorque, começou na Broadway, indo para o cinema no finalzinho dos anos 1920. Conhecida pela versatilidade e talento, estrelou inúmeros filmes de sucesso, de “Cleópatra / idem” (1934) a “Mundos Íntimos / Private World” (1935), de “Ao Rufar dos Tambores / Drums Along the Mohawk” (1939) a “Desde que Partiste / Since You Went Away” (1944). Na maioria de suas cenas aparece apenas o lado esquerdo do seu rosto. Ela tinha aversão a mostrar o lado direito nas telas. Em 1961 fez seu último filme, mas continuou a atuar em teatro e televisão. Faleceu aos 92 anos, após uma série de acidentes vasculares cerebrais.
CORINNE CALVET
(1925 – 2001)
Nos anos 1940, fez teatro e cinema na França, antes de ser levada para Hollywood pelo produtor Hal B. Wallis. Ele a escalou para o filme “Zona Proibida / Rope of Sand” (1949), ao lado de Burt Lancaster e Paul Henreid. Apareceu em outros filmes, sempre interpretando francesas, como em “Escândalos na Riviera / On the Riviera” (1951), “Sangue por Glória / What Price Glory” (1952), “Uma Aventura na Índia / Thunder in the East” (1952), “Região do Ódio / The Far Country” (1954) e “Três Marujos em Paris / So This is Paris” (1955). Na auto-biografia “Has Corinne Been a Good Girl?” (1983) reclama que os papéis que interpretou em Hollywood nunca desafiaram sua capacidade de atuar.
DANIELLE DARRIEUX
(1917 - 2017)
Sua carreira de oito décadas está entre as mais longas da história do cinema. Aos 14 anos participou do musical "Le Bal" (1931). Talento combinado com sofisticação e habilidade em cantar e dançar, levou-a a numerosas ofertas de trabalho. Em 1935, casou-se com o diretor Henri Decoin, que a encorajou a tentar a sorte em Hollywood. Assim o fez, filmando em 1938 “A Sensação de Paris / The Rage of Paris” (1938), ao lado de Douglas Fairbanks Jr., mas não deu certo. Ainda filmaria nos EUA “Rica, Bonita e Solteira / Rich, Young and Pretty” (1951), o thriller de Joseph L. Mankiewicz, “Cinco Dedos / Five Fingers” (1952); e o épico “Alexandre, o Grande / Alexander the Great” (1955), de Robert Rossen. No final dos anos 1960 substituiu Katharine Hepburn no musical da Broadway, “Coco”, baseado na vida de Coco Chanel. Ainda hoje trabalha, mesmo aos 97 anos.
LILI DAMITA
(1904 - 1994)
Sucesso instantâneo na Europa, apareceu em 34 filmes entre 1922 e 1937. Em 1928, a convite do produtor Samuel Goldwyn, partiu para Hollywood, fazendo sua estreia norte-americana em “O Corsário / The Rescue” (1929), ao lado de Ronald Colman. Emprestada a vários estúdios, atuou com estrelas como Gary Cooper, Maurice Chevalier, Laurence Olivier e Cary Grant. Casou-se com o diretor Michael Curtiz e a seguir com o ator Errol Flynn. Morreu de Alzheimer aos 90 anos.
MICHÈLE MORGAN
Beleza clássica, estonteante. Uma das mais populares e importantes atrizes do cinema francês por muitas décadas. Começou como atriz aos 15 anos. Em Hollywood protagonizou “E as Luzes Brilharão Outra Vez / Joan of Paris” (1942), com Paul Henreid; “Passagem para Marselha / Passage to Marseille” (1944), interpretando a esposa de Humphrey Bogart, e o policial noir “Perseguição / The Chase” (1946), ao lado de Robert Cummings. De volta à casa, recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, em 1946. No seu tempo em Hollywood construiu a mansão que décadas mais adiante seria palco do famoso assassinato de Sharon Tate.
MICHELINE PRESLE
(n. em 1922)
Estreou cinema francês em 1937, nunca mais parando de filmar. No final dos anos 1940 foi viver nos Estados Unidos, assinando contrato com a 20th Century-Fox e conhecendo o ator William Marshall, com quem teve uma filha, Tonie Marshall, que se tornaria cineasta. Dona de longa e próspera carreira, protagonizou com John Garfield “Vingança do Destino / Under My Skin” (1950), de Jean Negulesco. Neste mesmo ano, faria o drama de guerra “Guerrilheiros das Filipinas / American Guerrilla in the Philippines”, de Fritz Lang, e em 1951, “As Aventuras do Capitão Fabian / Adventures of Captain Fabian”, ao lado de Errol Flynn. Atuou em outras produções norte-americanas, trabalhando no total em mais de 170 filmes. Ainda hoje faz cinema e televisão.
RENÉE ADORÉE
(1898 - 1933)
Fugindo da Primeira Guerra Mundial, ela foi parar em Nova York, onde apareceu uma oportunidade de trabalhar no cinema. Embora baixinha, possuía uma beleza sensual e olhos penetrantes que marcavam presença na tela. Estreou em 1918 e em 1925 protagonizaria um dos clássicos do cinema mudo, “O Grande Desfile / The Big Parade”, de King Vidor, com John Gilbert. Em “Força Que Seduz / The Mating Call” (1928) apresentou uma rápida cena de nudez que causou comoção. No cinema falado continuou filmando com sucesso. No entanto, uma tuberculose a matou aos 35 anos.
SIMONE SIMON
(1910 - 2005)
Conhecida pela Irene Dubrovna do thriller “Sangue de Pantera / Cat People” (1942), de Jacques Tourneur, estreou no cinema em 1931 e rapidamente se estabeleceu como uma das atrizes mais bem sucedidas da França. Darryl F. Zanuck a levou a Hollywood, em 1935, com uma agressiva campanha publicitária. Mas a Fox nao soube encontrar papéis adequados para ela. Ainda assim, a atuação em “Dormitório de Garotas / Girl’s Dormitory” (1936) provocou sensação entre os críticos. Temperamental, teve conflitos com diretores e atores. O forte sotaque francês também limitou sua carreira nos EUA. Dessa época, seu melhor momento aconteceu no remake de “O Sétimo Céu / Seventh Heaven” (1937), de Henry King, co-estrelado por James Stewart. No final da década de 1930, insatisfeita com a letargia da sua trajetória no estrangeiro, voltou para sua terra natal. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, tentou outra vez Hollywood, trabalhando na RKO Radio Pictures, onde alcançou seus maiores sucessos: “O Homem que Vendeu a Alma / All That Money Can Buy” (1941), “Sangue de Pantera” (1942), “Mademoiselle Fifi / idem” (1944) e “Maldição do Sangue da Pantera / The Curse of the Cat People” (1944). Morreu em 2005, aos 94 anos, de causas naturais.
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